Iluminadas chamou a minha atenção logo de cara pela capa e pelo título, e quando li a sinopse tive certeza de que seria uma leitura muito boa e diferente, mas... minhas expectativas não foram nem de longe alcançadas. Vem comigo que eu explico.
Harper Curtis é um andarilho na Chicago de 1931 que, durante uma fuga da polícia, tem sua vida completamente transformada por forças que ninguém poderia explicar: ele é misteriosamente guiado até uma casa abandonada que, a princípio, parece um lugar comum, mas que esconde um segredo inacreditável. Ao adentrá-la, Harper se depara com um ambiente todo mobiliado e muito bem decorado, convidativo, como se a Casa aguardasse sua chegada. E toda vez em que abre a porta, é levado para uma época completamente diferente - a Casa é um portal que viaja no tempo. Aos poucos ele se dá conta de que a Casa tem vontades próprias e que ele deverá cumpri-las e, mais do que isso, de que ele está sendo controlado por ela.
O protagonista é, então, transformado em um poderosíssimo serial killer conduzido pela Casa, com a missão de matar as garotas iluminadas, que estão espalhadas entre os anos de 1931 e 1993. Para tanto, ele normalmente faz uma visita a cada uma de suas vítimas quando ainda são crianças, dando-lhes objetos estranhos (que ele encontra dentro do próprio portal) e dizendo-lhes que ele logo voltará. Depois de alguns anos, quando as meninas já são jovens adultas, ele de fato volta e as mata brutalmente, em um ritual horrível e cruel que o enche de prazer, fazendo com que muitas vezes se masturbe ao se lembrar do assassinato.
Mas Harper começa a perder o controle de suas ações brincando de passear pelo século XX e tomando decisões imprudentes. Esse pecado acaba lhe custando muito caro, pois Kirby Mazrachi, uma de suas garotas, sobreviveu, por muito pouco, ao ataque brutal e alguns anos depois está decidida a fazer com que o homem que tentou matá-la pague por esse crime. A moça contará com a ajuda do ex-repórter policial Dan Velasquez (com quem rola um romance meio desnecessário, já que é muito pouco explorado), que cobrira seu caso. Kirby faz uma busca profunda e encontra evidências em que ninguém poderia acreditar, tendo, por isso, muita dificuldade em associar as pistas decifradas, já que elas são muito desconexas umas das outras, pelo fato de Harper ter o tempo a seu favor. Passado, presente e futuro se misturam de uma maneira inexplicável e somente no final do livro algumas perguntas são respondidas.
Achei interessante o fato de a personalidade do serial killer ser bastante explorada ao longo do livro. Os capítulos são iniciados com a data em que serão narrados e com o nome do personagem cuja visão será analisada. São divididos entre Harper, que aparece na maior parte dos capítulos, suas vítimas, Kirby, Dan e um viciado que observa os passos do assassino e que será de grande importância para o desfecho. Desse modo, explora-se bastante a atmosfera psicológica do protagonista, através do discurso indireto livre (narrador-observador onisciente).
O enredo tem tudo para dar um grande livro, certo? Certo. Mas, ao meu ver, a autora cometeu falhas incontáveis e irreparáveis. Para começar, eu simplesmente não conseguia pegar o ritmo da leitura, o que foi acontecer somente pouco depois da metade do livro (demorei mais de um mês para finalizar as 300 páginas). Também não gostei da narrativa da Lauren Beukes; não sei identificar o quê, mas alguma coisa estava me incomodando muito. Além disso, as outras vítimas do Harper são muito pouco exploradas, conhecemos pouquíssimo de suas histórias e logo em seguida elas já são assassinadas. E o que mais contribuiu para a minha decepção é o fato de que algumas coisas são muito confusas e pouco ou nada esclarecidas; várias pontas ficaram sem amarras.
Só comecei a gostar do livro quando chegou na páginas 250, mais ou menos; o final, vale dizer, é realmente muito bom e até me surpreendeu, mas mesmo assim não sei se compensa as demais páginas e a falta de habilidade da autora no decorrer da obra. Eu recomendo a leitura sim, pois acho que outras pessoas podem ter uma visão completamente diferente da minha, e pode até ser que eu tenha sido muito influenciada pela grande dificuldade em adentrar no ritmo do livro. Por isso, recomendo que leiam a resenha feita no blog Biblioteca do Terror, pois a visão ali tratada é o oposto da minha; discordo totalmente da opinião do resenhista! hehe
Sobre a autora: Lauren Beukes nasceu na África do Sul e é autora de romances e graphic novels premiados. Atua também como roteirista de televisão, documentarista e, ocasionalmente, jornalista. Iluminadas é seu quarto livro.
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E vocês, já leram Iluminadas?? Me contem o que acharam! Se concordam ou discordam de mim.
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Beijos com carinho! ♥